No dia 10 de janeiro deste ano, o Banco Central (BC) divulgou carta aberta enviada ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre o descumprimento da meta de inflação de 2022. A taxa fechou o ano em 5,75%. A meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), por meio da Resolução n. 4.724 de 27 de junho de 2019, era de 3,5% com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais e para menos, ou seja, de 2% a 5%. No entanto, o desvio em relação ao centro da meta foi de 2,29 pontos percentuais.
As explicações da carta se fazem necessárias quando a inflação fica acima do teto da meta, uma vez que o Brasil se vale de um regime de política monetária, instituído por meio do Decreto n. 3.088/99. Este decreto estabelece que, quando as “metas de inflação” ficarem fora do intervalo de tolerância em determinado ano-calendário, o presidente do Banco Central do Brasil deverá divulgar publicamente as razões do descumprimento, com descrição detalhada das causas, as providências para assegurar o retorno da inflação aos limites estabelecidos e o prazo no qual se espera que as providências produzam efeito.
Na carta, o atual diretor do BC, Roberto de Oliveira Campos Neto, lista uma série de motivos que levaram a inflação em 2022 a ultrapassar o limite superior de tolerância, entre os quais estão: a elevação dos preços de commodities e o desequilíbrios entre demanda e oferta de insumos e gargalos nas cadeias produtivas globais. O diretor também explica que o BC tem definido a meta para a taxa básica de juros, e continuará a fazê-lo, tomando as devidas providências para que a inflação atinja as metas estabelecidas pelo CMN, de 3,25% para 2023 e de 3,00% para 2024 e 2025.